Ser criança é ser autêntico. Quem discorda?
Sem se esconder choram quando sentem vontade. Falam o que vem na cabeça. Pedem um abraço quando bate a carência. Expõem medos e fantasmas sem se sentirem tolos. Dividem sonhos com facilidade.Sorriem para desconhecidos.
Mas conforme os anos passam perdemos a autenticidade natural de criança. Passamos a sobreviver.
Ser adulto é ser complicado. Quem não concorda?
Nossas emoções nos enganam. Dizemos coisas que não sentimos. Fazemos o contrario do que gostaríamos de fazer.
Hoje passei por isso. Um tio começou a brincar comigo, dizendo que se minha mãe mudasse de cidade, eu iria chorar.
Rebati com um – Ate parece.
Essa resposta surgiu como um flash, eu não tive tempo de formulá-la.
Esse impulso supostamente decorreu de resquícios do passado, de magóas que eu tantas vezes disse ter perdoado.
Ou talvez, essa resposta despontou da falta do abraço em momentos de solidão, da falta de dialogo nos momentos de dor, dos eu te amos não mencionados, do sentimento de desproteção.
Mesmo assim o “ate parece”, não era o sentimento real . É obvio que se ela se mudasse sentiria muita falta, talvez choraria. Por quê não?
Para nos protegermos, dissimulamos.
Fingimos que aquela amiga que se afastou não nos faz tanta falta. Que aquela palavra não nos magoou. Que tudo esta bem, quando pode não estar!
E assim conforme os anos passam, e as feridas se acumulam, perdemos nossa autenticidade de criança, e nos tornamos cada vez mais complicados, se não mudarmos de atitude.