domingo, 21 de março de 2010

Foco!

Depois que meu pai me pediu duas folhas de cheque emprestado para supostamente garantir dinheiro com um agiota, pensei: - Precisamos ter uma séria conversa!
Não me resta dúvida, meu pai apesar de todo esforço é uma pessoa presa na área financeira.
Me lembro que um dia, na tentativa de justificar sua situação me disse: - Pra alguns a estrela brilha, pra outros a estrela não brilha!
Claro, tudo isso não passa de uma desculpa que as pessoas arrumam para não vencerem!
É serio! Por vezes curtimos a fossa, o lamento, a dor, e a situação medíocre. Por isso que preciso ter uma conversa com ele.
Bem, é claro que não será nada fácil. Começarei explicando que o mundo espiritual é tão real quanto o material, que Deus estabeleceu regras que se resumem em plantar e colher, e que por isso, atitudes tais como idolatria, suborno, jogo de azar, e trâmites com agiotas, leva nos a prisão espiritual! O final do dialogo será o de costume: Vá para uma igreja!
Contudo, não são todas as pessoas que aceitam essa sugestão, alguns relutarão dizendo: - Qual a igreja que devo ir? Naquela cujo pastor abusou da própria filha alegando que era vontade de Deus? Ou aquela onde os pastores são e pregam o homossexualismo? Ou quem sabe aquela onde se paga três mil reais por uma benção?
Tenho que concordar, o evangelho tem sido exposto de forma vergonhosa, mas isso não nos foi ocultado, Jesus nos alertou que os escândalos seriam inevitáveis!
Por outro lado, o cristianismo não se resume a isso. Com certeza os missionários que foram mortos enquanto evangelizavam, as milhares de vidas libertas das drogas e prostituição, o número expressivo de crianças que são alimentadas e cuidadas pelos trabalhos realizados na igreja, e a dedicação dos pastores a vidas, não são tão divulgados.
Vamos ser sinceros, acabamos como os criticos-pessimistas que olham sempre para o erro, nunca para o acerto.
Enfim, creio que tudo depende de como sentimos as coisas, da fé que temos no coração, da conciência que afirma - somos dependêntes de Deus!
Independente dos bons ou maus exemplos dentro do evangelho, a verdade é que o mundo espiritual existe, que somos responsáveis pelas nossas escolhas, e que se queremos viver com Cristo, o foco não deve ser as pessoas!

sábado, 6 de março de 2010

Um ser humano livre

Tive na faculdade um trabalho muito interessante sobre associação.
Era simples, tínhamos que associar nosso colega de classe com um animal, uma marca, e um objeto.
A pessoa que me tirou me surpreendeu. Fui associada a um gato, uma operadora de celular que tem o slogan: sem fronteiras, e uma janela – todos símbolos que expressam liberdade.
Eu, independente de ter passado essa imagem, e ter realmente curtido o conjunto de símbolos, não me sinto assim...tão livre!
Bem, é verdade que hoje sou mais intima da liberdade do que há alguns anos, mas tenho muito que avançar.
O conceito de liberdade pode ser subjetivo, e a
s descrições mais comuns são: estar desprendido das responsabilidades; falta de dependência do outro; não se limitar as pressões da família e da sociedade; fazer tudo que tiver vontade sem sentir culpa no dia seguinte!
Todas essas definições não representam o sumo da liberdade que não depende apenas de
fatores positivos e externos!
Aquele que deseja ser livre trava duras batalhas tanto no corpo como na alma e no espírito.
Afinal, ser livre é dominar os pensamentos, e ser responsável pelas suas atitudes, e não se fazer de vitima, é saber dizer não, e não deixar se manipular. É servir sem se sentir inferiorizado, é estar solteiro e não solitário, é estar unido e não dependente, é estar triste e não entalado, é ser campeão e não presunçoso, e perder e não provar da inveja, é estar ferido e não amargurado, é ter dinheiro e não ser soberbo, é ser belo e não se enlaçar na beleza, é completar anos sem fazer drama, é erguer a mão sem esperar recompensa, é ter coragem quando bate o medo, é falar de amor quando cresce o ódio, e não se isolar quando a frustração chega, é perdoar quando for magoado, e crer que o erro faz parte do acerto, é chorar e não sentir vergonha, e batalhar e não viver de sonhos, e se amar com amor profundo, e não se comparar com o outro.
E todas essas conquistas só almejamos com a ajuda de Jesus.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colasanti