terça-feira, 27 de abril de 2010

De barriga cheia!

No frio, ou no calor, ao despertar de manhã, no encarar do espelho, na correria do café da manhã, no excesso ou falta de trabalho, no quinto dia útil, no ônibus, escola, elevador, fila do caixa, trânsito, estacionamento, em casa, na colonia de férias, no placar do futebol, nas reuniões de família, nas situações mais comuns e diversas do dia a dia, o que mais ouvimos? – reclamações!
Reclamar é um ciclo que vicia e contagia! Eu, já fui das reclamadora a top (que digam os...) mas hoje na tentativa de fugir deste adotei dois pensamentos, o primeiro, intimidador – Deus não tolera murmuradores!, o segundo confortador – Sempre ha situações piores!
Munido desses pensamentos tento escapar da tentação de reclamar. Vigio constantemente lembrando o triste fim dos murmuradores hebreus no deserto! Apego me a realidade de que se tenho faltas, em outras situações sou privilegiada.
Isso é a mais pura verdade, todos nós podemos substituir um pensamento murmurador, se mudarmos a forma de como vemos as coisas.
Pense comigo, uma casa simples, pequena, velha, úmida, com goteiras, cupins ou seja lá o que for, pode tornar-se aconchegante ao pensarmos nos não poucos desabrigados.
Na madrugada, o choro estridente de um filho recém nascido, pode se tornar excitante ao ponderar as mulheres que sem expectativa gostariam de engravidar.
Ter que percorrer uma longa distância de ônibus, em horário de pico, disputando com os olhos um lugar vago para sentar é empolgante quando se pensa nos acamados.
A vida é assim, reclamamos quase sempre de barriga cheia!
Para ilustrar isso, conto sobre um dia, no trabalho, uma aluna deixou o carro mal estacionado e dirigiu-se a mim pra de brincadeirinha reclamar:
- Olha só Val, como eu deixei o carro? Todo torto, eu estou precisando de um marido para dirigir pra mim, viu!
Eu, sem perder a oportunidade combati:
- Ae?!E, eu que preciso de um marido, e de um carro.
Ela, sem ter o que responder, sorrateiramente sorriu percebendo minha desvantagem!